sexta-feira, 11 de março de 2011

Diretor do Detran admite ter conhecimento de prática de extorsão no órgão

O agente de trânsito Luiz de Jesus Alves França, 50 anos, é investigado pela Polícia Civil por supostamente ter extorquido, em R$ 500, um motorista flagrado ao volante após ter bebido cerveja. A vítima é o coordenador de estoque Adilson Lima dos Santos, 26. À polícia, Adilson contou ter sido abordado por dois agentes do Detran na noite de segunda-feira última, em Ceilândia. Ao admitir ter tomado três latas de cerveja à tarde, acabou submetido ao bafômetro. “Não me neguei a fazer o teste. Só que eles não me mostraram o resultado, pediram o número do meu telefone, devolveram os documentos do carro, mas ficaram com a habilitação”, explicou.

Adilson afirma ter sido orientado pelos agentes a buscar a carteira de motorista no posto do SIA na sexta-feira próxima. “Estávamos a 50 metros da 15ª DP e pedi para registrar ocorrência, mas eles não quiseram. Mandaram arrumar alguém habilitado para levar o carro e foram embora”, relatou. No entanto, por volta das 10h de ontem, Adilson disse ter recebido o telefonema de um homem que não se identificou, pedindo R$ 500 para devolver a habilitação. “Eu disse que só tinha R$ 300 e ele falou que o dinheiro não era só para ele. Acertamos que seriam R$ 400”, relatou.

O rapaz pediu ajuda ao sogro, o cabo da Polícia Militar Robson Marinho dos Santos, e foi orientado a seguir as instruções do homem para que ele fosse pego em flagrante. A vítima e o autor da suposta extorsão combinaram um encontro para concluir a transação em frente à agência da Caixa Econômica, no centro de Ceilândia. Quem apareceu com a CNH apreendida na noite anterior foi o rodoviário Vagner Ivan Caetano da Silva, 30.

Todos os envolvidos acabaram na 23ª DP (P Sul), onde foram ouvidos na tarde de ontem. Na delegacia, Vagner da Silva negou ter cobrado dinheiro para entregar o documento e afirmou que fez um favor ao seu amigo, o agente França. “Estava em casa, conversando com o França por telefone, e ele me contou que pegou a carteira e tinha prometido devolver”, disse. Segundo ele, o denunciante estaria interessado em desacreditar o agente para conseguir o cancelamento da multa. “Não peguei nenhum dinheiro”, frisou. Em depoimento, Luiz França também negou que tenha cobrado qualquer quantia para liberar a CNH. Explicou que a única coisa que fez foi pedir ao amigo para levar o documento para o condutor. Ele garantiu ser prerrogativa do agente apreender ou não o documento.
Sem surpresaO diretor-geral do Detran, José Alves Bezerra, soube pela reportagem da denúncia contra o servidor do órgão, mas não demonstrou surpresa. Disse que, há quatro meses, investiga a denúncia de que um agente estaria cobrando propina para devolver a habilitação de motoristas flagrados em blitzes. “A história é igual: reter o documento, pegar o número do telefone e até a quantia pedida é a mesma. Não temos nenhum elemento concreto para afirmar que seja o mesmo agente. Mas vamos abrir imediatamente uma sindicância para apurar os fatos. Se não houve extorsão, não há dúvidas de que houve uma transgressão do servidor, que não poderia entregar a habilitação”, declarou.

Bezerra assegurou que não é prática no órgão que agente de trânsito devolva documento de condutor. “A habilitação vai com o auto de infração para o Detran. O motorista se dirige à sede, no SIA, pega o documento e é notificado da abertura de processo de suspensão ou cassação da CNH. Esse é o procedimento legal”, explicou. “Se isso (extorsão)ocorreu , é lamentável”, afirmou Bezerra, que vai apurar ainda se o agente Luiz França lavrou o auto de infração do condutor e onde está a notificação.

Segundo a delegada plantonista da 23ª DP Denise Pereira Rocha, ninguém ficaria preso porque não houve flagrante. Porém um inquérito será instaurado. “Tudo indica que houve a tentativa de extorsão, porque a CNH, que deveria ser devolvida na sede, foi entregue em frente à Caixa”, explicou. O agente será investigado por concussão (quando uma autoridade pública exige vantagem em razão do cargo).

PuniçãoA Lei nº 11.705/2008 proíbe dirigir após ingerir bebida alcoólica. A infração é gravíssima, punida com multa de R$ 957, sete pontos na carteira e suspensão do direito de dirigir por um ano. O condutor flagrado com índice igual ou superior a 0,29 miligrama de álcool por litro de ar expelido dos pulmões além de ser punido administrativamente, é detido e paga fiança de até R$ 2 mil para sair da cadeia; responde criminalmente por dirigir alcoolizado.
Fonte: Correio Braziliense - 09/03/2011

Um comentário:

  1. Encontrei esse Blog por acaso e gostaria de parabenizá-los pelo movimento. Assisti aos videos e me emocionei!!!!
    Sou viúva de um acidente de grande repercussão em Brasília onde o motorista bêbado tirou a vida de meu marido e sogro na W3 Sul . Caminho na busca da da conscientização dos motoristas e da PAZ NO TRÂNSITO junto à outros familiares que vivem a mesma dor. Faço apologia ao uso do cinto de segurança e ao teste do bafômetro.
    Me coloco à disposição dos familiares e amigos da Bruna para participar dos movimentos e o que mais se fizer necessário.
    Add o perfil do Orkut: CHEGA DE IMPUNIDADE (chegadeimpunidade2009@hotmail.com). Assim poderemos manter contato.

    Cláudia Chendes

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